5.12.10

Cristina



Acorrentou-se num pedestal, por um simples substantivo, atendendo um simples desejo
Segurou tal  palavra como seu fôlego de vida,
Substituiu algo que já não possuía: um coração
Ser
Agora ela era, ela determinava, ela mandava
Uma pantera escondida em pele de cervo
Que ao ver as pessoas sorria
Fria e cinicamente
Mais falsa que o vermelho impregnado em seus cabelos.
Estava tão cheia de si que feria para inflar seu próprio ego,
Não parava, era sempre mais,
Mais perdida no seu próprio espiral de ideologias que a validade
Até ela duvidava
Sem fé, Sem apego, Sem dois.
Tinha um.
Um bem precioso para si, que por ironia do destino
Recebeu de mãos beijadas,
Que sacrificaria sua vida por tal
Que lhe mostrou que o amor não é a teoria que ela dissipava,
Que ela atacava, amordaçava, temia
Fora contrariada por algo que era uma conseqüência subjetiva
Um deboche, uma ironia, um questionamento a tudo que cria
Mesmo assim negava o amor
E negando vivia
E pregando se ria
Das faces interrogativas, as seis dezenas a olhavam
Mas ria uma vez de cada um
E era rida, outras seis dezenas de gargalhadas desprezíveis
Que não ouvia, mas que eram o motivo de sua insônia
Em suas infinitas noites de
Solidão.

3 comentários:

  1. "Mesmo assim negava o amor
    E negando vivia"

    Arrasou!

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  2. Negar o amor e negar a si mesmo.

    Abraços.

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  3. Oi Felipe! Gostei muito do seu post, muito sensível!
    Bem...compartilho do mesmo espaço aquático dos cancerianos, mas sou escorpiana!! rs...Vc quase acertou! Um beijo

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