O Amigo lindo da minha amiga
Luíza não conseguia parar de chorar. Dois traumas num
curto espaço de tempo: Um término tempestuoso de um relacionamento e um desastre no cabeleireiro que enterrou sua invejada
ruivisse. Carina acalmou-a e
resolveu recapitular a história toda que havia transformado a moça num chafariz
de lágrimas. Primeiro, quando Carina percebera que não recebia cantadas por andar
sempre acompanhada de Rick, terminou convidando a novata do escritório para ser
seu entourage na balada de sexta. Lá
pelas tantas da noite, Rick foi apresentado a Luíza como “Meu melhor amigo. Ele
é lindo, né?”. O encanto com a curvilínea ruiva apresentada a ele foi nítido,
mesmo as coisas funcionando como funcionavam. Foi uma simples questão de tempo –
ou de drinks, quem sabe? – para que Carina flagrasse os dois enroscados num
caloroso beijo no meio da pista. Nada
que a surpreendesse, isso já acontecera outras vezes; Era comum que garotas se
rendessem ao sorriso de cafajeste do moreno.
O que realmente deixou Carina em choque foi quando os
beijos ocasionais se tornaram um namoro. Daí em diante, era Luíza falando de
Rick a cada minuto: sobre seu incrível senso para moda, seu rigor ao escolher
sapatos e sua incrível atenção com o visual – e a parte que ela mais detestava:
o seu desempenho na cama contado em detalhes. Aquilo ia contra tudo que ela
conhecia de seu amigo, contra suas confissões, seus antigos namoros e a imagem
que ela tinha dele – coisa que Luíza já estava cansada de ouvir da boca de
Carina, mas não se importava, afinal ela era uma mulher moderna. Claro, havia
uma pontinha de ciúme, mas a intuição feminina de Carina dizia que havia caroço
escondido naquela mistura homogênea. Da mesma forma que o namoro apareceu, as
reclamações sobre o crescente desinteresse de Rick por parte de Luíza também
vieram repentinamente. Os primeiros clássicos sintomas: preguiça na cama. Os
que vem em seqüência são sempre os mesmos – nada de telefonemas, impaciência e insensibilidade.
E depois os encontros cada vez menos freqüentes.
Agora Luíza estava em prantos em frente à Carina. Ela a
sacudiu e começou a jogar os fatos na mesa: onde já se viu deixar que uma
brincadeira entre uma solteira e um gay se transformasse em amor ou algo
parecido? Claro que isso pode acontecer sim, mas com Rick... Ah, com ele não.
Foi estupidez deixar que se iludisse e criasse planos. Rick ainda era um homem e as duas, como boas
mulheres, estavam cansadas de saber que eles sabem exatamente separar sexo de
amor. E depois de tanto soluço, tanto choro e palavras impossíveis de entender,
Luíza finalmente explicou o que houve: Rick não conseguiu esconder seu desejo
por um rapaz que o cumprimentou na última vez que foram a um restaurante
juntos; alguns dias depois, numa frustrada tentativa de surpreender seu
namorado, ela deu o flagrante nos dois numa situação um tanto crítica. E aí foi o escândalo típico de
novela mexicana, aquele monte de roupa suja lavada, berros e alguns pratos atirados
na parede.
Não havia muito que fazer. Rick não deu muitos detalhes,
só estava azedo com Luíza depois de ver suas porcelanas favoritas serem
reduzidas a cacos – assim como ele fez com o coração da pobre moça. No fundo,
nem mesmo o rapaz tinha culpa. Carina consolou a amiga e achou melhor deixar
que o tempo resolvesse tudo. Algumas semanas depois, Rick veio orgulhoso
apresentar seu novo namorado para sua melhor amiga. A risadinha infame foi
inevitável: adentrara aos olhos de Carina um belo homem, Eduardo, mais baixo do
que Rick e dono de uma silhueta de nadador invejável. Mas não foi isso que fez a
mente de Carina estalar e juntar todos os fatos. Em meio a risos incontroláveis
por parte dela, tudo se encaixava: o desinteresse dele começou assim que
acontecera um acidente no cabeleireiro que deixou Luíza morena. Estava tudo
explicado agora, a intuição feminina raramente falha. O que ela se esqueceu de
contar à Carina sobre o flagrante de Rick com o moço era um traço
importantíssimo sobre a aparência de Eduardo: ele tinha uma linda cabeleira
ruiva.
lindo demais lipe, aaaamei
ResponderExcluirUm grande conto.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirFiquei muito feliz quando vi o número 1. Quero mais, viu Sr. Felipe??
ResponderExcluirÉ meeeeesmo...
ResponderExcluirkkkkkkkk, ah não acredito tadinha! Só porque ela deixou de ser ruiva? kkk.
ResponderExcluirSeus textos são muito bons, parabéns.