6.10.11

Degraus



A correria da rotina vai ficando intensa e é no sobe e desce das escadas que se vai percebendo quanto tempo se passou – e por mais bizarro que pareça uma pessoa de dezenove anos, assim, ficar divagando sobre o tempo, inevitavelmente me perco pelo seu decorrer. Nas palestras que assisti, alguns citaram Lispector, a incomparável dama que aos dezessete anos publicara seu primeiro romance; outros citaram curiosidades que alguns podem julgar bobas – como perceber que amora ao contrário é aroma, ou que luz azul ao contrário é simetricamente perfeita. Um a fonética e a fonologia explicam, o outro não. Seria hipocrisia da minha parte dizer que eu não queria ter feito essas descobertas que me encheram os olhos durante a fala do palestrante; tanto que eu nem me lembro o nome dos tais descobridores, de tão maravilhado estado em que entrei. As coisas vão acontecendo no seu próprio ritmo, talvez mais frenético do que eu esperasse porque é assim que tem que ser e vão mostrando que ser gente grande também pode ser muito mais divertido do que se imagina. Ainda não sou gente grande, mas pequeno eu sei que deixei de ser há algum tempinho – e foi de pirraça, obrigado mesmo. Não sei muita coisa, juro. Não sei pra onde estou indo, mas parado eu não vou ficar. Acho que essa é mais uma das coisas que você acha que aprende quando acha que está ficando mais velho...

4 comentários:

  1. E haja cartásis ! Acho que você andou sondando meus pensamentos garotoo... Sério fique tão maravilhada quanto você e tô me sentindo gente grande também. ><

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  2. Ser gente grande não é nada simples. Pena que a gente não pode ser criança pra sempre, ou ter sentimentos e 'obrigações' de criança. Sinto falta. Mas, a gente não pode mesmo e parar no tempo, sem nada descobrir, sem devorar o desconhecido, sem ver o mundo.

    Gostei dos teus escritos. Estou seguindo!!
    Beijoo'o

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  3. "Não sei pra onde estou indo, mas parado eu não vou ficar."

    Adorei isso. É, por vezes me encontro nesse mesmo ritmo que tu.

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  4. "uma pessoa de dezenove anos, assim, ficar divagando sobre o tempo, inevitavelmente me perco pelo seu decorrer." E nesse grande vai e vem de momentos e sentimentos, que insistimos, quase crianças, em chamar de vida, todos nos perdermos um pouco no seu decorrer.

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