21.12.10

Impacto



Uma heresia, uma empolgação
Um suspiro, uma exaltação;
Um erro errante
Que errado vai cometendo erros
Até que os erros não sejam errados o suficiente
Para deixar de serem erros;
Não sou bom de mira, não acerto
E daí? Eu não tenho medo de atirar
Uma roleta russa,
Onde a bala eu não escolho.
Eu aponto, eu atiro
Ela se curva e vai onde quer.
Quebra, corta
Machuca, queima
Fura
Mas não mata;
Não a quem devia.
E o erro permanece de pé
Com a arma na têmpora, mas a bala
Essa foi no coração errado, de novo.
Me faço de bala,
De aço ou de açúcar;
Às vezes, sou as duas ao mesmo tempo.
Mato de forma doce,
De uma forma quase desejosamente prazerosa.
Vai além do que eu consiga entender.
Erro com gosto de açúcar
Um acerto frio
Que vermelho se torna, é aço
Abre espaço por onde o derrama.
E foi ao espelho, onde meu aço curvou-se pela última vez
O erro frente ao erro
Não havia outro a acertar.
O disparo frio em frente ao vidro prateado tomou outro rumo –
Como eu sabia que faria.
O som, não senti.
Realmente era doce, era frio – aço, açúcar.
Meu vermelho derramava-se,
Cheirava bem.
O primeiro acerto de um erro
O erro não erraria mais;
Já não bate, nem apanha.
Sofre pelo último minuto.
Foi cômico, ridículo.
Riu de si mesmo;
Suspirou,
Derreteu.

*Now Playing: Russian Roulette, Rihanna

4 comentários:

  1. Muito bom, se superando cara, cada dia mais !

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  2. É tão lindo como o amor age em nós. O ciclo natural da vida, do amor. Um chero amore, sabe que eu adoro esse seu jeito sensível de escrever.

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