Eu podia ter parado, evitado. Entretanto confesso que não hesitei e estava consciente disso – era o que eu queria e, independente das conseqüências, teria. Está tudo preso na minha memória, acorrentado. A luz azulada e fraca que tocava sua pele, os episódios que escapavam pela linha cronológica do tempo e nós sequer percebíamos; o primeiro toque seu – tímido e amedrontado, que inocente ia ao meu encontro. Cada sorriso, as frases mal-educadas que provocavam gargalhadas infantis ou mesmo o simples silêncio compartilhado. Tenho tudo comigo.
Seus olhos inseguros e receosos, mas convidativos, me induziam a mergulhar no azul que possuíam. Um tom de azul confiante, macio e mais permeável do que minha mortal capacidade de resistência. Tente imaginar azul celeste como fundo, rabiscado por uma trama de azul-grafite, mesclado com traçados claros de um tom único de castanho que eu jamais encontrara antes. Impossível não fixar meu olhar neles, como fiz. Não sentia nenhum tipo de receio; me prendiam aos seus até que você os mudava de foco e sorria.
Um oceano; um mar aberto; uma imensidão azul. Meu mergulho foi voluntário, e já não queria mais voltar à superfície. A tranqüilidade pela qual fui tomado me assombra. Não havia tempo que corresse. Não havia barulho que incomodasse. Havia um quase silêncio, que só era quebrado por nossa respiração ofegante. Sorrisos.
O oceano imenso em que mergulhei já não estava mais como antes. Estava preso, porém ilimitado. Encontrava-se mergulhado na imensidão verde que o encantara de forma única. Verde, em seus mais variados tons. As palavras desapareceram, o tato agia. As imensidões expandiram-se e fecharam-se.
O tempo parado. A respiração forte. O calor presente no ar. Frio e nervosismo por dentro, calor e insegurança ardiam por fora. O toque repetiu-se, e de novo – dessa vez retribuído. Avanços mínimos. Mãos trêmulas. Oceanos. Toques. Calor. Respiração. Finalmente os lábios tocaram-se. Uniram-se sutilmente, devagar, feito peças de um quebra-cabeças predestinadas. A indescritível sensação de completude estava ali, acompanhando-os. Era como se tivessem esperado por séculos, ou vagado sem rumo até que então se encontraram.
Agora nada mais importava. Um beijo sorrindo, que exalava alegria e tranqüilidade. Um sentimento novo, nunca sentido antes, indescritível. Aquele sorriso de criança; aquela frase com sentido particular que transformou o sorriso em gargalhada, que tornou-se olhar e mergulho novamente. Estavam submersos em sua própria imensidão, em seu próprio nós ou como preferissem chamar.
Que beijãão heim *______*
ResponderExcluirSe puder retribuir:
http://entendaque.blogspot.com
Que texto bonito, mesmo.
ResponderExcluirparabéns.
voltarei.
se puder e quiser:
desnecessarioporemvalido.blogspot.com/
tchau.