12.8.10

Fim?


Terminou o namoro. No dia seguinte acordou cedo, olhou o que refletia o espelho e chorou. Suas lágrimas não possuíam traço de desespero algum. Sentia-se feita de argila, e deixou que as lágrimas a amolecessem e remodelassem a carcaça em que se sentia envolta. Não queria mais refletir aquilo, não queria ser assim. Não mais. Teria que fazer algo a respeito. Não deixaria dominar-se novamente.

Suas mãos avermelhadas, manchadas. A tesoura afiada na mão esquerda. O chão também estava respingado, assim como seu antebraço. Não se importou; as conseqüências já eram permanentes. Sorria, satisfeita. A tesoura já executara o ofício que lhe fora oferecido. Encontrava-se quente e presa à mão da sorridente nova mulher que o mundo ainda não conhecia.

Cachos castanhos espalhados pelo chão do banheiro branco, com menos cachos castanhos em sua cabeça, menos preocupações. Ruiva, sem medo, agora com uma nova imagem, um rosto que reflete uma personalidade reluzente. Mudara e permanentemente.

Sentia-se leve, borboleta. Feliz por dentro, livre por fora. Guiar-se-ia pelo caminho dos ventos, como simples andarilha do ar, sem medo ou expectativa alguma. Queria apenas ser – e já sabia como. Estava em seu pleno controle. Tinha a si mesma, à sua liberdade – e para o momento, tudo isso era mais do que suficiente.

5 comentários:

  1. Wow! Muito bom mesmo!
    Confesso que pensei que a menina estava tentando suicidar, mas no decorrer do texto, descobri ao certo que ela havia era se transformado no que realmente queria ser! Ruiva.

    Gostei muito!
    missthay.blogspot.com

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  2. ah, tambem achei que tinha cortado os pulsos.
    muito bom, nem vou ficar puxando saco porque voce sabe que sempre gosto dos seus textos.
    deve estar arrasando na facul, rs.

    beijo, brigadão pelo elogio numa postagem lá do blog :)

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  3. Era o amor próprio gritando...

    Abraços!

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  4. Parabéns pelo texto, de verdade, tá muito bom!
    Adorei seu blog, nunca tinha visitado, to seguindo, voltarei sempre.
    Beijos.

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  5. Sempre ruiva né?! Quem nem as minhas, sempre de Paris... Às vezes eu queria ter essa facilidade de acreditar nas mudanças que surgem com a nova 'cor'...
    Sempre bom ler você amor.
    Mesmo!!
    Beijos!

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